Em 1917, exatamente cem anos atrás, a Finlândia se tornava independente e era muito diferente do que conhecemos hoje. Na verdade, será que reconheceríamos a Finlândia daquela época? O que ela pode nos ensinar? Quais lições seriam válidas para nós? Os Finlandeses no dia 6 de dezembro de 2017 não só comemoram com festas este dia, mas voltam seus olhos orgulhosos ao passado relembrando sua história e guardando com carinho suas memórias que são passadas e recontadas de geração para geração.
Por volta de 1150, o que conhecemos hoje por Finlândia, era um aglomerado de pequenos povoados distantes entre si e sem nenhuma organização estatal. Neste período, os finlandeses conhecem os seus vizinhos suecos, que mais adiantados, vieram com toda a “boa vontade” cristianizar os povos pagões que aqui moravam. Não é necessário comentar que estes missionários “bondosos” também abriram espaço à imigração de colonos e comerciantes que estabeleceram-se na região. Como país pagão é de quem “pega primeiro” (assim como aconteceu com o Brasil) a Finlândia passa a pertencer a Suécia.
Foi nesta época que foi fundada a cidade de Turku que é a mais antiga da Finlândia e, logicamente, a primeira igreja católica.
Assim, a Finlândia foi colônia sueca até 1700, quando na chamada Guerra do Norte, a Finlândia foi ocupada por tropas Russas. A Suécia, que até então era considerada como uma das grandes potências, perdeu seu poder e perdeu também o sul da Finlândia para os russos. Nesta época praticamente 90% da população finlandesa era composta por camponeses que simplesmente eram levados nesta “dança das cadeiras” das grandes potências, sem praticamente compreender o que estava acontecendo.
Suécia e Rússia, que já se estranhavam em pequenas batalhas, ficaram em lados opostos nas guerras Napoleônicas (mesmo período em que D. João fugiu para o Brasil). Na última batalha, chamada Guerra Finlandesa, a Rússia sai vitoriosa e o prêmio é a Finlândia, que passa a ser um Grão-Ducado e o Czar russo, como monarca constitucional, passa a governar a Finlândia.
Em 1812, o grão-ducado tem a sua primeira capital que é a cidade de Turku e, mais tarde em 1812 para a ser Helsinki.
Os finlandeses já cansados de ser dominados pelos seus vizinhos, se aproveitaram das ondas da primeira revolução russa que respingava em Helsinki e que colocou em conflito forças de direita e esquerda. Aqueles camponeses já não eram tão simples assim e a ideia de ter um país livre, já que a língua se mantinha intacta, os finlandeses falavam finlandês e não suéco ou russo, começaram a germinar. Os finlandeses coseguiram depor o Czar através dos mencheviques. Os conflitos aconteciam nos dois países e a revolução bolchevique na Rússia deu a oportunidade aos finlandeses de finalmente terem o seu país livre. Há exatamente 100 anos atrás, em 1917, Lênin reconheceu a independência da Finlândia e agora era a oportunidade de construir o país, fazer reformas, encontrar a própria identidade e planejar o futuro.
No entanto, este futuro não estava tão claro assim. Após todo este período de lutas pela independência, o clima infelizmente não era de festa e sim de conflito. Duas forças antagônicas queriam o controle do jovem país e esta divirgência ideológica se tornou uma luta armada entre os chamados vermelhos de esquerda, que eram apoiados por certas parcelas das tropas soviéticas, e os Brancos, que eram de direita e eram apoiados pelo então Império Alemão.
Isto acabou gerando uma guerra civil entre vermelhos e brancos que é muito falada ainda hoje na Finlândia. O chamado império alemão deu uma ajudinha enviando tropas para auxiliar os brancos e estes conseguiram vencer e consolidar a independência.
A Finlândia como nós conhecemos passou por inúmeras reformas após a independência. Em 100 anos saiu da condição de um país quase que predominantemente camponês e pobre, falando uma língua muito peculiar, a um país com um dos melhores índices de qualidade de vida, igualdade, educação e democracia. Realmente os finlandeses e nós, que moramos aqui, temos que nos orgulhar.
COMO A INDEPENDÊNCIA É COMEMORADA HOJE
A independência é comemorada por todos, cada casa que hasteia a bandeira azul e branca neste dia, cada família que se reúne fazendo um almoço especial, cada pequena solenidade, cada vela que é acesa e cada memória que nunca se apaga daqueles que lutaram pelo que hoje cada um de nós pode desfrutar.
Uma tradição do dia da independência é a festa no palácio presidencial, onde são convidados os veteranos da segunda guerra, o corpo diplomático, políticos e as personalidades importantes da sociedade finlandesa. O evento é televisionado e os comentários dos jornais recaem sobre os vestidos mais bonitos. A festa no castelo bate récordes de audiência todos os anos.
Há aqueles, porém, que tem discordado da maneira digamos “burguesa” da comemoração e feito passeatas e protestos nas ruas no 6 de dezembro. Tudo bem, afinal é democracia e todos têm o direito de se expressar.
É uma história interessante, um caminho curto, apenas 100 anos, que tem tanto a ensinar ao resto do mundo. Uma história resumida neste texto, mas um grande percurso.
Hyvää itsenäisyyspäivää suomi!! Feliz dia da Independência Finlândia!!
Por: Evelyse Eerola
Finlandesa/Brasileira
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